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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Passagem Para a Índia

Extraído de: http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/



Confira abaixo a matéria completa da Revista Marie Claire, edição 215 de Fevereiro de 2009.

"Ela chegou lá. Mas, há dez anos, quando ainda não era famosa, Juliana Paes desabafava em seu diário sobre o corte por falta de pagamento do fornecimento de luz de sua casa. Hoje, pela primeira vez protagonista de uma novela do horário nobre da globo, Caminho das Índias, ela se diz uma businesswoman que cuida com cautela de seu dinheiro. E garante que sempre teve um espírito resignado, algo que reforçou na recente viagem que fez à índia - onde adquiriu hábitos como tomar chá quente. Mesmo no Rio.

'Hoje estou muito triste. A gente teve dificuldade pra pagar a luz, daí veio um cara e cortou [o fornecimento]. Minha mãe estava muito estressada. Escutei ela chorando no banheiro. Estou muito preocupada, porque já estou há seis meses sem pagar a faculdade [de publicidade] e acho que vou ter que trancá-la. Não vou dizer que sou triste, tenho meus momentos felizes. A Letícia [sua melhor amiga na época, que morava nos Estados Unidos] está em casa e a gente está fazendo vários passeios legais. Mas sinto falta de alguma coisa. Eu prometo que, se tudo o que estou 'sonhando' acontecer, vou ajudar todo mundo. Eu tenho certeza de que no ano que vem as coisas vão mudar.'

A atriz Juliana Paes, 30 anos no mês que vem, conta que escreveu este desabafo em um diário que encontrou há poucos meses, quando trocava a vida de solteira pela de casada com o empresário Carlos Eduardo Baptista, 30. A data da anotação: 26 de dezembro de 1999. Meses depois da lamentação, ela conseguiu o papel de empregada doméstica Ritinha na novela Laços de Família e mudou totalmente o rumo de sua história. Com a personagem, Juliana estourou.

A atriz diz que chorou na primeira vez que reviu esse diário. E olha que Juliana, a protagonista Maya, de Caminho das Índias, ri de quase tudo, quase o tempo inteiro. E tem motivos para isso, na vida pessoal e na conta corrente. Embora não revele valores, ela acumulou um patrimônio considerável, especialmente por causa das campanhas publicitárias que estrela. Em outras palavras, numa virada que nem Glória Perez, autora da novela que protagoniza, escreveria, ela chegou mesmo ao topo.

Por conta da atual novela, Juliana tinha acabado de desembarcar da Índia quando falou a Marie Claire. Contou que as cores, os temperos, os chás, a filosofia e muita coisa do país a deixaram impregnada. Ao encontro marcado com a revista, a atriz até chegou atrasada. Motivo: estava meditando.



Uma mulher de Niterói na Índia. O que isso significa? "Putz, eu não sei que diferença faz ser de Niterói ou não. Mas eu posso te falar que fui muito feliz na Índia. Até escrevi um textinho sobre isso." [Leia o texto clicando aqui.]

No seu blog? "Não. Escrevi a pedido do diretor [Marcos Schechtman] no site da novela. O Marcos estava coletando depoimentos dos atores que estiveram na Índia. Escrevi sobre minhas impressões. Tentei traçar um paralelo das minhas impressões com a preparação que a gente teve antes de ir pra lá. Tivemos um workshop muito intenso antes de pisar no país. Foi mais de um mês, e todo dia tinha um palestrante diferente, muitos indianos que vivem no Brasil."

Isso é comum para minisséries, mas raro em novelas. "Foi uma vontade do diretor que a gente já fosse com uma sementinha plantada. A gente assistiu a palestras sobre o hábito de eles comerem com as mãos, por exemplo. Aprendemos o jeitinho de pegar a comida, sabe? Existe o lance de comer com a mão direita. Sabe que eles raramente usam a esquerda pra comer? E aprendemos coisas como a maneira de andar na rua, as relações entre homem e mulher, jovem com criança..."

O que sentiu quando pisou lá? "A primeira sensação está relacionada com o cheiro. A Índia tem um cheiro que não dá pra reproduzir nem explicar. É um cheiro de cardamomo. É uma mistura de tempero com incenso."

Depois do cheiro, que impressão da Índia ficou retida? "Que eles vivem em outra época. É como se você voltasse no tempo. É assim: ao mesmo tempo que você vê uma loja informatizada, encontra do lado um cara fazendo a barba embaixo de uma árvore. Por causa do vestuário, parece que eles estão na década de 80. Os homens se vestem com calças de cintura alta, e em momento algum você vê o ombro de algum deles, seja homem ou mulher. O ombro pra eles é uma parte sagrada, não existe camiseta regata. As mulheres usam muita cor, mesmo estando de pés sujos. Ficam descalças, mas com saias cheias de brocados e brilhos. Isso é a poesia da Índia."

Você mudou o seu jeito de se vestir durante sua estada na Índia? "Mudei, porque você se sente muito esquisita andando com roupas ocidentais. Eles te olham muito, mas não por cobiça. Olham por curiosidade. Eu me vestia diferente do que me visto aqui, mas, obviamente, não usei sári. Aliás, lá você identifica muito bem o status social da pessoa pela roupa. Você entende quem é mais humilde, a casada bem abastada, a simples. As casadas usam sári, têm uma pintura vermelha e usam cabelo preso. É muito raro uma indiana de cabelo solto ou semipreso. Ou elas usam trança, ou um coque. Elas só devem soltar pros maridos, na intimidade."

Como a viagem mexeu com você? "Eu não tenho a pretensão de dizer que um mês na Índia mudou a minha vida, mas eu entendo o ponto de vista deles. Eu sou espírita, minha família é toda espírita, e um dos preceitos do espiritismo é a resignação, ou seja, você aceitar aquilo que te cabe, a cruz que você carrega, sem se perguntar por que aquilo está acontecendo com você. Eles são assim, a resignação está tão arraigada que eles simplesmente aceitam."

Você falava do Brasil para eles? Que visão têm do País? "Têm uma visão do Brasil sorrindo, mas eles não sorriem igual a nós. O sorriso deles é contido. E têm até um tempo pro riso. Eu não sei te explicar exatamente como, mas a gente tem um sorriso no lábio. Isso pra eles não significa nada. Também têm um olhar desprovido de máscara. Exemplo: se você pedir para os indianos posarem, eles não vão fazer igual à gente, não vão rir pra câmera. E se pedir pra eles sorrirem, não vai ser escancarado. Quando as mulheres têm vontade de dar risada, elas até cobrem um pouco o rosto. Como se gargalhar fosse 'se abrir' demais."

Essa coisa de abraçar, dar beijinho, você chegou a dar? "Ah, sim, cheguei a fazer isso, mas foi só nos dois primeiros dias. Depois eu percebi que não estava sendo bacana. Não era nem um beijinho, às vezes alguém me apresentava um amigo e eu, toda calorosa, ia dar um abraço, alguma coisa assim. Eu sou desse jeito. Eu não sou formal. Pedia desculpa. Eles são calorosos, mas da maneira deles."

Você emagreceu de tanta pimenta que colocou no prato? "Emagreci. A comida apimentada já te faz comer muito menos. Daí eu tomava bastante líquido durante as gravações. Eles tomam muito chá quente naquele calor, e eu não entendia o porquê. Só que eles têm razão: sua temperatura interna fica tão quente quanto a do ambiente. E tomei muito chá com leite por lá."

De perto, você é magrinha e miúda. Desculpe-me o atrevimento, mas você é o que se pode chamar de 'falsa boa'. Concorda? "[risos] Todo mundo fala isso. Tipo: 'Ai, achei que você era grandona, tipo Cláudia Raia'. Tenho 1,70 cm e peso uns 56 kg. Sou pequena!"

O que você vai incorporar da viagem em sua vida? "Chá. Agora eu tenho prazer em tomar chá. Até com garrafa térmica no carro eu tenho andado. Vale qualquer chá. É a água quente que me faz bem. Eu senti a mudança no meu próprio metabolismo, me sentia bem indo ao banheiro. Aprendi também a ficar mais paciente. Ainda é recente dizer que eu trouxe isso pra minha vida, mas posso dizer que, por enquanto, estou menos ansiosa. Talvez até por isso eu tenha me atrasado pra essa conversa, achei que estava na hora, meditei um pouquinho, aí quando eu vi, já era tarde!"

Por enquanto sua imagem ainda é a de sexy. Isso é bom? "Eu acho que essa imagem já passou. É uma vitória pra mim. Não é fácil se descolar dos rótulos que vão tentando te impor logo no começo da carreira, porque é mais fácil fazer isso, colocar as pessoas nas prateleiras. Quando você consegue mudar de prateleira, é muito prazeroso."

É, mas foi essa imagem que lhe rendeu uma grana interessante, alguns comerciais. Aliás, você está acompanhando essa crise mundial? Você lida bem com suas finanças? "Ai, eu sou uma businesswoman [risos]."

Do tipo que fica ligada no movimento da bolsa? "Eu tomei um caldo, eu tinha investido em ações."

Perdeu muito dinheiro? "Não perdi muito, não, porque não sou arrojada, sou conservadora. Mas é porque não posso me dar ao luxo de ser arrojada ainda."

Você é daquelas pessoas que ficam assistindo a programas de TV exclusivos de economia?
"Não chego a isso ainda, mas tenho aqui no meu iPhonezinho uma coisa chamada Stocks com que fico brincando todo dia [puxa um iPhone da bolsa]. Fico vendo os Dow Jones da vida. Mas se você vir a minha carteira, é absurdo. Eu aplico em muita coisa. Eu encho o saco do meu gerente do banco várias vezes na semana. Eu tenho que ficar de olho. Quero olhar, perguntar, saber como é."

Afinal, você suou pra chegar onde chegou. "Quando você rala pra ter, tem de ter cuidado. Mas não sou mão de vaca."

Paga bem os funcionários? "[risos] Liga pro Moisés [motorista], Wander [secretário] e Marinete [secretária]! Sou muito generosa, gosto de dar coisas pras minhas amigas."

Você organizou a vida da sua família? Dá muito palpite? "Ah, tem que dar, né? Eu dou muito palpite. Mas agora, graças a Deus, eu consegui montar o salão [de beleza] pra eles em Niterói. Tá indo bem."

É o plano B da sua vida? "É o plano B. Eu precisava dar pra minha família não só um sustento, mas um trabalho. Minha mãe sempre teve vontade de ter um salão. Ela já teve creche, locadora, loja de roupas, e eu trabalhava com ela. Ela queria ter um salão, mas tudo é muito caro. Os produtos, o estoque, os profissionais, as máquinas. Mas eu também não posso colocar meu nome numa coisa que não seja boa."

E como anda a vida de casada? "Existe vida pós-casamento? [risos] Na real, a gente já tava morando junto antes de casar. Ele alugou o apartamento dele, com a expectativa de a nossa casa ficar pronta [até o final do fechamento, ainda em reforma]. Eu acho que a melhor maneira de você levar um relacionamento adiante é não superestimar demais o amor. A gente acha que o amor tem de ser sempre à flor da pele. Se você encanar com isso, não vai pra frente. Se você resolver questionar o outro, a relação, vai transformar a sua vida num inferno. De maneira geral, relacionamento é fase, e você só tem que entender e saber passar as ruins e aproveitar as boas. Chega uma hora também que a intimidade é tão boa. Como diz a [escritora] Martha Medeiros, acho que chega uma hora de interromper as buscas."


Fotos: Fernando Louza"

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