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Fica expresso que esta é uma "fan page", sendo a única finalidade deste blog reverenciar a imagem e o trabalho da atriz. Não há qualquer função comercial, ou intenção de infringir direitos. Aproveite a visita.

domingo, 8 de março de 2009

O Desabafo da Musa

Na edição 203, de Fevereiro de 2008 da revista Marie Claire, Juliana Paes fez um desabafo que permanecerá na história da revista. A atriz falou o que pensa, mostrando muita coerência e verdade em seu discurso. Super sincera, Juliana atingiu vários pontos-chave do assunto discutido, fazendo todo mundo pensar... O Juliana Paes Source deixa você com esta matéria que é antológica para qualquer fan da musa.



Fotos sensuais? Ok, ela topa. Revelações sobre sua vida pessoal? Sem problema. Comentários reduzindo a musa ao tipo "boazuda"? Tira de letra. Qual o limite para a tolerância de Juliana, então?


Pense por alguns instantes: o que você quer saber da vida de Juliana Paes? Qual o limite de seu apetite? Saber se ela está noiva? Sim, está. Se pretende casar este ano? Sim, pretende. Se quer ter filhos? Sim, pelo menos um. Se é feliz ao lado do namorado, o empresário de marketing esportivo Carlos Eduardo Baptista? Sim, muito. Se, como qualquer uma de nós, tem que fazer esforços mil para andar na linha? Sim, como qualquer uma de nós, precisa fechar a boca e suar semanalmente para não ver os quilos ganharem dígitos na balança. O que mais você gostaria de saber? Porque, de verdade, ela não se nega a falar. Aliás, sobre ela, a rainha da bateria da Viradouro, tudo parece estar por aí na mídia, basta olhar em volta. Mas a pergunta que fica, depois de saber que todas podem ser feitas, é: para que exatamente precisamos saber de tudo isso? A reflexão vem dela mesma, a moça que está neste exato momento comendo um prato de brócolis em uma churrascaria popular da cidade de São Paulo, bem ao meu lado; a mesma moça que, meia hora atrás, ligou para a personal, no Rio, e pediu um plano caprichado para quando voltasse para casa ("Estou bem inchada, comi demais nas férias", explicou, brincalhona).

Juliana sabe que o jogo é esse: se deixar mostrar, fotografar, noticiar. Sabe que parte do sucesso que faz vem dessa fome por fofocas e exposição. "É o ônus do bônus", diz. Por isso, é paciente com a imprensa. "Eu sei que existe essa indústria da fofoca. E fofoca não é colocar na capa da revista quantos livros o cara já leu. Fofoca é colocar com quantas pessoas o sujeito já dormiu. Então, é o seguinte: as pessoas precisam trabalhar, e, às vezes, é nessa indústria que o cara precisa trabalhar, e só resta a ele fazer esse trabalho invasivo e chato. Uns fazem por prazer, imagino, mas uns fazem para ganhar um troco, e por isso eu respeito e sou solícita." Mesmo assim, tanta solicitude não evitou que um dos piores momentos de sua carreira viesse dessa exposição nem sempre desejada. "Não gosto de falar nesse episódio porque é dar vida eterna a uma coisa escrota, mas a vez que mais me abateu foi quando o cara falou que eu estava sem calcinha durante um evento de beleza em São Paulo. Fui para a casa da minha mãe e chorei feito criança no colo dela, com meu pai fazendo massagem no meu pé. Fiquei muito abalada. Porque, como sou sempre muito atenciosa, não esperava esse tipo de enfoque. Me senti injustiçada e, pior, traída, e chorei demais.




Naquela noite, tinha falado com todos os repórteres, tinha feito foto com todos, achei que eu estava colaborando. E daí acontece isso. Até hoje as pessoas querem saber se eu estava sem calcinha. Porra, cara, isso importa? O que importa é que o sujeito abaixou muito para tirar a foto e me mostrar daquele jeito. Isso é o que deveria importar, tentar entender qual o limite." Abalada e frustrada, decidiu processar o fotógrafo, e o processo ainda corre. Partiu desse ponto a reflexão que ela começou a delinear entre um brócolis e outro. "Ontem mesmo, saí do teatro [ela está em cartaz em São Paulo com o musical "Os Produtores"] e tinha uns jornalistas querendo fotografar minha mão, fotografar esse anel de noivado [mostra o anel], perguntando se eu estava noiva. E eu pensava: 'Meu Deus, o Quênia tá implodindo, crianças morrendo, e esses caras querem saber se eu estou noiva! Isso é notícia?'. Quer saber o pior? Para eles, isso é notícia. Então, sou eu que vou mudar essa roda? Não, não sou. Tudo o que posso fazer é tentar entender onde estamos e para onde vamos. Eu vi outro dia, numa revista semanal, uma foto do Du Moscovis fazendo um gesto nervoso para o fotógrafo. Pensa sobre isso por um segundo. Era dia primeiro de janeiro, o cara estava na praia com a filha, a fim de um pouco de paz, e vem o sujeito e começa a clicar. O Du, que estava ali na dele, pensa: 'Pô, tenho que pôr um limite nisso', e mostra o dedo. Aí, a revista publica a foto com um texto ironizando o gesto, sugerindo que ele estava muito nervoso e era só o primeiro dia do ano. O cara tá em casa, lê isso e pensa: 'Ah, esse Du Moscovis é um babaca'. Entende? Você vira refém do que vão escrever, publicar, editar, noticiar.

Ontem, tive vontade de falar: 'Gente, por favor, tô saindo do trabalho, quero comer, quero descansar, me deixa em paz'. Mas você não quer que as pessoas façam mau juízo de você, e o poder de criar essa simpatia, ou essa antipatia, é do cara que vai escrever a matéria, paginar, editar, sei lá. Aí eu penso: 'Mas, no fundo, as pessoas nunca vão ter acesso a quem eu sou de verdade', entende? Então, pouco importa. Só que, por outro lado, não quero, aos olhos da opinião pública, parecer desagradável, intolerante, então jogo o jogo e me deixo invadir até um certo limite, tentando ser sempre cordial e educada. Mas isso é também uma coisa que eu preciso melhorar. Olha o [Murilo] Benício, por exemplo. O Murilo é um doce de pessoa, um amor, mas ele não gosta de ser abordado por jornalistas. Então, ele carrega o estigma de chato e de desagradável. E ele é o oposto! É um cara leve, engraçado, amigo, gentil. Me diz agora: onde está a verdade? Do que estamos nos alimentando? Eu admiro esse desapego dele diante do que vão pensar ou escrever
a respeito dele. Mas ainda não cheguei lá. Por isso, gosto de fazer TV ao vivo, tipo 'Faustão', porque aí as pessoas me enxergam sem edição, como eu sou.




"Minha vontade é dizer para cada uma das pessoas: 'Gente, olha só, não acreditem em tudo o que vocês vêem, em tudo o que lêem, questionem, duvidem, pensem por si mesmos. Duvidem até da foto. Porque vocês têm que saber que, às vezes, quando o cara vai dar dois beijos no rosto de alguém, entre o primeiro e o segundo beijo, dependendo da hora em que o fotógrafo clicar, vai parecer que ele está dando um selinho. E essa foto pode virar verdade, você entende? Um clique de um selinho que nunca existiu. E quem vai provar que o selinho nunca existiu? Tá lá na foto, ora bolas. Então, existiu.

As pessoas precisam entender isso. Porque sabe o que tem acontecido agora? Os artistas, com medo dessa exposição bizarra, se protegem cada vez mais e se pasteurizam para dar entrevista. Então, quando você lê, é tudo igual, as respostinhas-padrão. E as perguntinhas-padrão. Você chega num desfile, vai na Fashion Week, e eu adoro moda, hein!, gosto de ver até para saber o que eu não vou poder usar, porque tenho um corpo difícil, muito curvilíneo, e, das coisas que você vê nos desfiles, metade não funciona em quem é assim. Aí, você bota o pé no pavilhão e vem o cara: 'Ju, o que é moda para você?'. Ahhh, você consegue? 'Moda para mim é ficar confortável', todo mundo responde a mesma coisa sempre, mas quer saber? Tá tudo ótimo, não preciso de mais nada. A única coisa que falta, mas é questão de tempo, é meu apartamento, e eu pego as chaves este mês. Estou louca para começar logo a reforma. Tô tão na boa que já não me incomoda mais ser sempre a boazuda. Não estou nem aí. Estou conseguindo ligar o foda-se em algumas coisas. Acho que a maturidade ajuda, né? Não me falta convite de trabalho, estou cantando, dançando, trabalhando. Tem que fazer foto sensual? Bora fazer foto sensual, ora! Quando você tem a noção de que já conquistou um espaço, de que a opinião pública nutre um certo respeito e carinho por você, fica mais fácil se libertar. Não dá para ser amada por todo mundo o tempo inteiro, dá? Não tenho controle sobre o que vão pensar de mim. Então, faço o que sei fazer, faço com paixão, e isso é tudo o que posso fazer. Não tá bom assim?"


Por Milly Lacombe. Fotos: Fernando Louza
Juliana usa Vestido de georgete bordado Marcello Quadros e Sandálias Lenny & Cia.
Assistente de fotografia: Daniel Assis
Styling: Fabio Paiva e Arlindo Grund
Cabelo e maquiagem: Saulo Fonseca (Molinos & Trein)



Assista ao making of das fotos:


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